10 de outubro de 2023, é o Dia Mundial da Saúde Mental, conforme declarado pela Organização Mundial da Saúde. A data é propícia para considerarmos as maneiras pelas quais podemos atender ao chamado do presidente do RI, Gordon McInally, de priorizar a saúde mental. Como mencionado diversas vezes pelo presidente Gordon, nós podemos atuar mais ativamente nesta área atendendo primeiro às nossas próprias necessidades mentais, para melhor investir o nosso eu verdadeiro no Rotary.
No Grupo Rotary em Ação por Iniciativas de Saúde Mental (RAGMHI), identificamos meios de aplicar conceitos centrados na comunidade que garantem o sucesso de ações apoiadas pelo Rotary, como a erradicação da pólio, por exemplo. Quer estejamos falando de saúde mental ou poliomielite, três conceitos-chave e aplicáveis são os pilares do nosso grupo: aumentar a conscientização das pessoas, reduzir o estigma e expandir o acesso ao tratamento mental. O RAGMHI já trabalha em cada um destes pilares, mas precisa do apoio dos associados do Rotary ao redor do mundo. Assim, aceitamos de bom grado a ajuda de todos que queiram colaborar conosco.
Temos recursos no nosso site para uso dos associados, e incentivamos o diálogo nos clubes para reduzir o estigma associado a questões mentais. Dada a escassez de psiquiatras para crianças, vale mencionar que estamos com um programa piloto bem-sucedido no Hospital Infantil de Boston, que visa a expansão do acesso a cuidados médicos por intermédio da capacitação de clínicos gerais no tratamento de depressão e ansiedade de nível baixo a moderado. Tem sido uma inspiração fazer parte de um grupo que congrega pessoas com profundo entendimento das complexidades culturais em torno da saúde mental nas diferentes partes do globo.
Como médica, vejo de perto o importante papel desempenhado pelos clínicos gerais em apoio ao bem-estar mental. Eles são os primeiros a ter contato com o paciente e, com frequência, os únicos a tratar a mente de algumas pessoas desprovidas de recursos financeiros ou receosas de sofrer preconceito. Em vista disso, é imperativo criar um ambiente que encoraje as pessoas a falar livremente sobre questões mentais. A capacidade do clínico geral de atuar na arena mental está relacionada à conscientização e conhecimento do assunto, o que facilita sua habilidade de avaliar eficazmente a situação e encaminhar os pacientes a tratamentos específicos.
Dra. Pallavi Gowda
Ajudei no atendimento de mais de 15.000 militares quando trabalhei no Exército dos EUA, e pude testemunhar o impacto da saúde mental em todos os aspectos da vida deles. Quer se trate da convicção dos veteranos das forças armadas de “Nação Acima do Indivíduo” ou do lema dos associados do Rotary de “Dar de Si Antes de Pensar em Si”, tanto os veteranos quanto os associados do Rotary são dedicados ao servir.
Enquanto trabalhava no Centro Médico do Exército Walter Reed, o meu comandante, o Dr. Norvell “Van” Coots, que também era rotariano, exigiu que participássemos de vários treinamentos de prevenção do suicídio. Um conceito recorrente nestes treinamentos era a identificação de sinais de alerta em nós mesmos e naqueles ao nosso redor. Eu tive o prazer de compartilhar minha experiência e as lições aprendidas com o RAGMHI, o qual se dispôs a adotar este conceito.
A diretoria do RAGMHI criou uma breve verificação de saúde mental baseada no PHQ2, que é uma ferramenta de triagem para depressão de sucesso comprovado. Isso inclui uma checagem anônima que ajuda as pessoas a reconhecerem sinais relativos ao bem-estar mental. Como resultado, quando os associados sabem detectar sinais de depressão, eles podem buscar para si ou sugerir ajuda profissional a um colega. A noção de fazer uma análise interior e cuidar daqueles ao nosso redor está enraizada no conceito de “companheiro de batalha”, iniciado e reforçado pelo Exército dos EUA.
Voltando a falar da comunidade sul-asiática à qual pertenço, nós enfrentamos sérios desafios quando se trata de saúde mental, como um forte estigma cultural em torno do assunto que chega até a impedir conversas desta natureza. Na nossa cultura, os problemas da mente são frequentemente associados à fraqueza ou vistos como obstáculo às aspirações profissionais de um indivíduo, o que acaba desestimulando muitas pessoas de buscar assistência.
Ademais, valores tradicionais e conflitos deles decorrentes geram entraves, sem contar que há uma grande escassez de profissionais de saúde mental na minha comunidade, barreiras linguísticas e falta de conscientização ou compreensão quanto ao assunto. Isso tudo, em contrapartida, deve servir de estímulo para apoiarmos iniciativas que visem aumentar a conscientização, reduzir o estigma e expandir o acesso a tratamentos de saúde mental.